Vitor Vasconcelos

Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR).

 

As várias caras da biodiversidade

Num planeta em que uma espécie – humana – parece dominar todas as outras, é importante analisar o conceito de biodiversidade de vários ângulos, embora sempre na perpetiva de que é fundamental criarmos condições para a otimizar.
A abordagem mais comum e talvez a mais mediática, é a da macro-biodiversidade, ou seja, estarmos preocupados com a defesa de grandes mamíferos ou aves (lobo, lince, foca monge, águia real, grifo). Ou então de grandes ecossistemas ou regiões geográficas - floresta amazónica, grande barreira de recife de coral, antártida, ártico). Por muito importante que esta abordagem seja, e sem duvida mais mediática, não podemos nem devemos esquecer da micro-diversidade (bactérias, fungos, microalgas) que está na base do funcionamento dos ecossistemas. Quando analisamos o declínio de algumas das espécies mais mediáticas, nem sempre tal acontece por pressão direta sobre as mesmas (caça, pesca, deflorestação), resultando sim da degradação dos habitats e dos recursos biológicos mais a jusante da cadeia trófica.
 Há assim que analisar, de uma forma integrada, as questões de poluição, alterações globais, sobreexploração, alteração do habitat, introdução de espécies invasoras como condicionantes da manutenção da biodiversidade de um dado ecossistema ou região.
A biodiversidade não implica ter equidade nos efetivos de cada espécie nem podemos considerar que é a mesma em qualquer parte do globo. Ao diminuir com a latitude, vamos ter menor diversidade junto aos polos do que nos trópicos. Daí resultam muitas vezes impactos muito mais significativos nas maiores latitudes com consequente diminuição de estabilidade ambiental.
Maior biodiversidade implica maior estabilidade, daí que esta vertente deva ser cada vez mais “vendida” quando falamos deste conceito. Veja-se o exemplo de como uma praga impacta diferencialmente uma monocultura de feijão ou uma horta com 20 tipos diferentes de produtos hortícolas, e como tal implica abordagens distintas no que diz respeito ao uso de pesticidas.
Hoje em dia, a biodiversidade tem de ter um preço. A abordagem económica dos assuntos ambientais é a forma mais eficaz de os defender e implementar. Para manter a biodiversidade há que investir, mas a biodiversidade também pode ser rentabilizada. Há que encontrar o equilibrio perfeito.
As Escolas são o lugar ideal para aumentar a literacia ambiental das novas gerações, mas todos temos de contribuir para isso. Centros de investigação como o CIIMAR, estudam a biodiversidade e disseminam o conhecimento adquirido para vários publicos. Tal faz parte da nossa missão, quer através do programa CIIMAR na Escola (http://www.ciimar.up.pt/oCIIMARnaEscola/) quer da divulgação através dos Centros de Monitorização e Interpretaão Ambiental (CMIA) de Matosinhos e Vila do Conde.